31.3.09

enlouquecer.

"(...)ele ergueu os olhos e, diante de meu rosto angustiado, entrefechou-os, analisando-me, compreendendo-me. houve um longo minuto de silêncio. eu esperava e tremia. sabia que esse instante era o primeiro realmente vivo entre nós, o primeiro que nos ligava diretamente. aquele momento me separava de súbito de todo o meu passado e numa singular previsão adivinhei que ele se destacaria como um ponto vermelho sobre todo o decorrer de minha vida.

eu esperava e na expectativa, todos os sentidos aguçados, eu desejaria imobilizar todo o universo, temendo que uma folha se movesse, que alguém nos interrompesse, que minha respiração, um gesto qualquer quebrasse o feitiço do momento, desvanecesse-o e fizesse-o cair novamente na distância e no vácuo das palavras. o sangue latejava-me surdamente nos pulsos, no peito, na testa. as mãos geladas e úmidas, quase insensíveis. minha ansiedade deixava-me numa tensão extrema, como pronta para me atirar num sorvedouro, como pronta para enlouquecer."

c.l.

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enlouquecer de sentidos, é cheio de sentido.

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