6.12.07

meio.

-
será que a certeza é sempre certa?

28.11.07

chicletes.

-
essa coisa de sentir,



gruda.

26.11.07

o rosa.

-
"mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. diga o senhor: como um feitiço? isso. feito coisa feita. era ele estar perto de mim, e nada me faltava. era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. era ele estar por longe, e eu só nele pensava. e eu mesmo não entendia então o que aquilo era? sei que sim. mas não. e eu mesmo entender não queria..."

24.10.07

clarice lispector.

-


mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
que tem que ser vivido
até a última gota.
sem nenhum medo.
não mata.


(- muito pelo contrário, deixa vivo e muito.)

3.10.07

sobre a realidade.

-
de tanto sonhar, o sonho da menina da janela agora é realidade.
e ela já não precisa mais fazer força pra fechar os olhos. ela vive constantemente sonhando acordada. eita!

26.9.07

abertos.

-
aquela menina, a da janela, que gostava de sonhar acordada, agora já não sonha mais.
ela percebeu que não adianta fechar os olhos pra realidade e que na maioria das vezes, sonhos são apenas sonhos.

- abre os olhos, menina! já chega de sonhar acordada.

e foi o que ela fez. é fato, ela ainda acredita nos seus sonhos, mas não sonha mais acordada. um pé já se aproxima do chão.

- continua menina, continua que uma hora você acorda pra sempre.

mas a menina não sabe se quer acordar pra sempre. pelo menos, no mundo dos sonhos, a dor e a tristeza acabam na hora que ela manda. e assim ela fica, parada na janela. não a sonhar e sim de olhos bem abertos, tentando encontrar seus sonhos.

24.9.07

sobre o agora:

-
abro os poros pra sentir mais.

20.9.07

17.9.07

acorda!

-
de tanto querer sonhar, a menina na janela não consegue mais parar de dormir.
sono, muito sono.

13.9.07

do bom.

-
por algumas noites, a menina que sonha na janela tem seu sonho realizado.
e pra ela, esse é o melhor momento do dia. porque ela sonha acordada.

12.9.07

a menina da janela.

- acorda menina!!!
gritou uma voz bem de longe. que ecoou, e c o o u...
- aco o o o rda!
mas a menina na janela nem queria saber de acordar.
- acorda menina, que esse sonho já deu já!
ela tentava abrir os olhos, ainda muito apertados contra as maçãs do rosto, mas pareciam colados. pesados. cansados.
- deixa esse sonho pra lá. nunca vi insistir no que não dá.
o que a voz não sabia era que a menina só gostava de sonhar. e, da janela fez sua cama e do que acredita fez seu sonho. e continuava lá, sem querer parar de sonhar.
- já sei então, troque o sonho.
pra menina ia ser difícil desistir do que andava a sonhar, mas ela decidiu que pode tentar.
e da janela, a menina ainda continua a sonhar...

9.9.07

sobre a tristeza.

-
é o medo de encontrar com você mesma, sozinha.

6.9.07

paradoxo.

-
vou dar um nó bem forte e um laço bem bonito na ponta,
pra não escapar por nada.
(...) a menina que fica sonhando na janela abriu os olhos, por alguns segundos.
agora, ela queria ver flor de maracujá. cansou de esperar estrela cadente.
mas um pé continua a vagar na lua, enquanto o outro busca a firmeza da terra.
ela busca as estrelas, mas só consegue ver a poeira da terra.
ela quer mais é sonhar, a menina.
e novamente fechou os olhos e apertou contra as maçãs do rosto, bem forte, e com eles bem fechados, tentou voltar a sonhar e a sonhar, sonhar...

31.8.07

da janela de cá.

-
a menina que sonha não se cansa de ficar na janela. esperando estrela cadente cair.
mas a única coisa que vê é uma cortina. feita de estrelas.
isso significa esperança pra ela. a certeza de que a sua estrela cadente ainda há de cair. enquanto isso, ela continua a sonhar na janela,

27.8.07

sobre a afinidade.

-
é ficar longe, pensando parecido.
olhar, sem trocar palavras.
é conversar no silêncio. é sentir com.

25.8.07

o quereres.

-
e onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem alto eu sou o chão.
(...)
infinitamente pessoal, e eu querendo querer-te sem ter fim.

.veloso, o caetano.

21.8.07

arte de ser feliz.

houve um tempo em que minha janela se abria para um chalé. na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. nesse ovo costumava pousar um pombo branco. ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava na mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.
houve um tempo em que minha janela dava para um canal. no canal oscilava um barco. um barco carregado de flores. para onde iam as flores? quem as comprava? em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? e que mãos as tinham criado? e que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.
houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. à sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. e contava histórias. eu não a podia ouvir, da altura da janela e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e as vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.
houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. perto da janela havia um jardim quase seco. era numa época de estiagem, da terra esfarelada, e o jardim parecia morto. mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. e eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. outras vezes encontro nuvens espessas. avisto crianças que vão para a escola. pardais que pulam o muro. gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. marimbondos que sempre me parecem personagens de lope de vega. às vezes, um galo canta. às vezes, um avião passa. tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. eu me sinto completamente feliz.
mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para pode vê-las assim.

cecília meireles, escolha o seu sonho.

-
são as horinhas de descuido. acho lindo!

20.8.07

-

res

pi

ran

do...

18.8.07

meu amor.

-
a minha na sua mão.
a gente se é, amor.

14.8.07

dois lados.

-
escrever é abrir a alma. desnudar-se.
através da escrita, enxergo quem você é.
falo, para não comunicar.
através de minhas palavras mostro o que sou.

13.7.07

uma sutileza.

numa moldura clara e simples, ela é aquilo que se vê.

-
achei de uma sutileza deliciosa.

11.7.07

simplicidade

-
com o coração dos olhos, enxergo pela janela da alma.

complicado ser simples por si só.

10.7.07

quintana.


minha timidez consiste em acariciar-te com a sombra dos meus dedos.

-
quando é muito, é por osmose.

29.6.07

e vem a chuva.


nem sempre se devia estar na janela fumando aquele cigarro. nem sempre se devia olhar as pessoas andando nas ruas. nem sempre se devia sair de casa meia hora depois, e ver uma tragédia. mas nem sempre se devia sair meia hora antes e fazer parte dela. nem sempre se devia estar em um orelhão ligando pra quem se ama. nem sempre se devia sair dentro de um carro em um estacionamento. nem sempre se devia escutar tanto os que os outros tem a dizer. mas nem sempre o que os outros dizem não faz sentindo. nem sempre se deve acreditar na vida. mas nem sempre ela é pouco previsível. nem sempre se deve estar naquele lugar. e nem sempre a vida vale tanto. nem sempre tudo parece ser normal. e, sempre, a vida não vale nada. mas vale ser vivida. e, sempre, vem a chuva e lava tudo.



-
texto antigo.

25.6.07

desejo e amor.

-
desejo e amor. irmãos. por vezes gêmeos; nunca porém, gêmeos idênticos.

desejo é vontade de consumir. absorver, devorar, ingerir e digerir - aniquilar. O desejo não precisa ser instigado por nada mais do que a presença da alteridade. Essa presença é desde sempre uma afronta e uma humilhação. é uma compulsão a preencher lacuna que separa da alteridade, na medida em que esta acena e repele, em que seduz com a promessa do inexplorado e irrita por sua obstinada e evasiva diferença.
.
.
.
o amor, por outro lado, é a vontade de cuidar e de preservar o objeto cuidado. Um impulso centrífugo, ao contrário do centrípeto desejo. um impulso de expandir-se, ir além, alcançar o que 'está lá fora'. ingerir, absorver e assimilar o sujeito no objeto , e nâo vice-versa, como o caso do desejo.
.
.
.
se o desejo quer consumir, o amor quer possuir
.

-
alguém fodástico que desconheço.

22.6.07

o vento.



-
as vezes ouço passar o vento;
e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.

pessoa.

21.6.07

o que se vê.



-
me ajuda a pedir de novo o que eu não consigo.

o vidro quebrou? foi bicada de um pato.
pato, aqui?
então de passarinho.

céu escuro cheio de estrelas.
enxergo até a ficção científica.

desconfio que as coisas mais lindas não são de ver, são do escuro.

mas não quero ficar cega.
um dia há de ha_ver,
enxergar mais limpo e alto,
todos altos.

mas sabe como é: por enquanto,
eu sou baixinha.

19.6.07

moveções.



-
foram vários.
vários os filetes de raio que entravam pelas lacunas dos meus olhos.
pouco a pouco, eu tentava abrir. um pouco embaçados, eles sentiam.
seus braços envolta da minha cintura, os pêlos acariciando a pele rosada, formando gotículas de suor.
tudo isso, porque seus dedos na minha pele são arrepios.
você em mim é moveção: coisas que provocam coisas.

17.6.07

reino da alegria.



- "o pato é o cara."

-
eu sei,
que ficar bêbado de felicidade
é um estado além.

16.6.07

verbo intransitivo.



- mamãe,
deixa escutar seu coração, pra ver se tá batendo?
- vem cá.
- tá batendo. tá parado, mas pulando forte.

-
verbo intansitivo, amor é.

15.6.07

detalhes.



-
tem dias, que a gente acorda sentindo demais.
aquelas pequenas coisas, detalhes. o todo.
sentindo tanto,
a noite dormida abraçadinho, o carinho retribuído por uma lembrança.
as palavras doces, os sorrisos de canto.
as lágrimas, o virar de olhos, as cosquinhas e os dedos entrelaçando os cabelos.


desde o abrir dos olhos, ao pulsar do coração.

14.6.07

sobre o agora.



-
é o entre
que cabe tanto.

estrelas.



-
a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão.

leminski.

pedra.



-
incerteza é um medinho que faz frio na barriga.
faz o coração bater um século sem parar. faz lágrimas.
faz pensar nas possibilidades e ter coragem de agir.
de seguir em frente, mesmo que por outros caminhos.
de nunca desistir, porque motivos milhares não permitem. força.
pode ser que a incerteza seja mais uma daquelas pedras que estão pelo percurso.
- eu chuto. pra bem l o n g e .

13.6.07

é assim porque é.



-
passando pelas ruas, sinto.
pelos transeuntes, pelas árvores,
pássaros e borboletas.
é assim porque é.

fecho os olhos, encho o peito de suspiros,
abro os poros. e sinto.

cócegas na alma.


-
porque chega um hora, que dá vontade de deixar marcados seus feitos.
de contar pro mundo todo o porque da sua felicidade.
de sair rodopiando por ai.
simplesmente, porque isso tudo, essa felicidade, faz cócegas na alma.