27.6.08

(entre)linhas.

e depois de sete vezes setecentos dias, abriu a janela e olhou para o céu.
ele ainda estava lá: manga e chumbo, como o tinha deixado:

pura
chama.

sempre está.

antes, tem que saber mais dessas pessoas que andam pelas ruas com as mãos
postas no coração,
a um só tempo suplicando e agradecendo.

pessoas comuns e desimportantes com cara de ninguém,
com cara de nada, cara de nem existir, de só passar e colher
uma flor alheia
para um altar alheio, mas

têm amor ali naquelas mãos.

essas pessoas são andores.
e o santo delas não é de barro.

[renata]

24.6.08

rasgando o verbo.

"mas quem sente muito, cala;
quem quer dizer quanto sente
fica sem alma nem fala,
fica só, inteiramente."

23.6.08

o meu destino é agora.

eu levo a vida assim, de tom em tom.

17.6.08

demais.

só as suas mãos me acalmam. só o seu olhar me entende.
só os seus carinhos me arrepiam. só o seu amor me completa.



15.6.08

trecho.

"acariciar lentamente o teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragrância obscura. e, se nos mordemos, a dor é doce; e, se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. e já existe um só sabor de fruta madura, e eu te sinto tremular contra mim como uma lua na água."

julio cortázar, o jogo da amarelinha.


13.6.08

ninguém me canta como você.

"ninguém me canta
como você
ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito
que só você
de que adianta
ter olhos
e não saber ver
ter voz
mas não ter o que dizer
digam o que disserem
façam o que quiserem
ninguém diz
ninguém vê
ninguém faz
como você
ninguém me canta
ninguém me encanta
como você."

alice ruiz.

-
um encantamento maior de contente.

"o essencial é invisível aos olhos."

"a gente se apertou um contra o outro. a gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro."

caio fernando abreu.


12.6.08

de bem.

"a vantagem de ter péssima memória
é divertir-se muitas vezes
com as mesmas coisas boas
como se fosse a primeira vez."

nietzsche.


11.6.08

silêncio, por favor.

"há tanta suavidade em nada dizer
e tudo se entender."

fernando pessoa.

conjugação.

eu abstraio.
tu, abstráis?

9.6.08

p.s: eu te amo.

"afinal toda palavra é, aqui, um pequeno gesto de amor."

p. leminski.

tudo bem.

"no fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem."


6.6.08

segredos.

"meu vestido é cheio de segredos.
a cada botão que você abre,
sinto uma rosa desabrochar."

5.6.08

mistura.

dormi vermelha. acordei verde.
o entre: arco-íris.

4.6.08

sério.

vamo brincá de ficá bestando e fazê um cafuné no outro e sonhá que a gente enricô e fomos todos morar nos Alpes Suíços e tamo lá só enchendo a cara e só zoiando? vamo brincá que o Brasil deu certo e que todo mundo tá mijando a céu aberto, num festival de povão e dotô? vamo brincá que a peste passô, que o HIV foi bombardeado com beagacês, e que tá todo mundo de novo namorando? vamo brincá de morrê, porque a gente não morre mais e tamo sentindo saudade até de adoecê? e há escola e comida pra todos e há dentes na boca das gentes e dentes a mais, até nos pentes? e que os humanos não comem mais os animais, e há leões lambendo os pés dos bebês e leoas babás? e que a alma é de uma terceira matéria, uma quântica quimera, e alguém lá no céu descobriu que a gente não vai mais pro beleléu? e que não há mais carros, só asas e barcos, e que a poesia viceja e grassa como grama (como diz o abade), e é porreta ser poeta no planeta? vamo brincá

de teta

de azul

de berimbau

de doutora em letras?

e de luar? que é aquilo de vestir um véu todo irisado e rodar, rodar…

vamo brincá de pinel? que é isso de ficá loco e cortá a garganta dos otro?

vamo brincá de ninho? e de poesia de amor?

nave

ave

moinho

e tudo mais serei

para que seja leve

meu passo

em vosso caminho.*

vamo brincá de autista? que é isso de se fechá no mundão de gente e nunca mais ser cronista? bom-dia, leitor. tô brincando de ilha.

crônica de hilda hilst.


3.6.08

deep.

"assim que te amo, e os que amanhã quiserem ouvir o que não lhes direi, que o leiam aqui e retrocedam hoje porque é cedo para tais argumentos. amanhã dar-lhes-emos apenas uma folha da árvore do nosso amor, uma folha que há-de cair sobre a terra como se a tivessem produzido os nossos lábios, como um beijo caído das nossas alturas invencíveis, para mostrar o fogo e a ternura de um amor verdadeiro."

neruda.

2.6.08

exato.

dois mais dois é sempre o que a gente quiser.

colorfull!!!

"ponha um arco-íris na sua moringa."