mais esperança nos meus passos.

foi caminhando na chuva que descobriu
um jeito de distrair o tempo e roubar horas:

é que lavar a alma, renova esperanças.

é que tem mais chão nos meus olhos.

tinha um cheiro azul, 

com jeito de lágrima fujona, 

que queria rolar. 

quando era assim, 

deixava a alegria tomar conta 

e chovia sorrisos.

Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar.

sabe o que é, moço, guardo lembranças no baú
e sonho com o que há de vir.

é que a gente, urgente pelo adiante, 
só acontece depois de uma sequência de agoras.

desde que fosse profundo.

gostava das noites que dormia com a colcha rosa em que a filha costurava sonhos:

se sentia protegida do mundo.

sorri de repente.

raquel gostava de viver no meio dos bichos.

era dali que tirava os pedaços da sua personalidade

e fazia composição.

lá na frente, tudo se explica.

repete tododia e três vezes, que é pra dar sorte:
que tudo seja leve, que tudo seja leve, que tudo seja leve.

é que o que tem muita força, sempre há de ser.

um gosto de estrela me veio à boca.

em noites de surpresa, pegava carona nas palavras de pé de ouvido

e achava a escada que ia dar no céu.

sabe a delícia que é ser flor nas asas do vento.

em dias nublados, gosta de sentar descalço na varanda

e sentir o cheiro da chuva:

descobriu que pequenos prazeres são à prova d'água.

as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar.

dentro daquele mundo, só cabiam detalhes.

é que ele se fazia aos poucos, porque queria ser muito grande.

queria ser sem ter fim.

fiel ao que sinto.

"Que tudo seja leve
de tal forma
que o tempo nunca leve."

Alice Ruiz












-

minúsculos sons flutuavam pela sala: o levantar de sobrancelhas, o tempo de um suspiro, o espaço entre o piscar, a largura de um sorriso e a frequência do entrelaçar. eram lembranças que fazia questão de guardar dentro de uma caixa especial, à prova de tempo: o coração

.

um jeito de ver beleza nas coisas.

eram delicadezas feito essas que  faziam os suspiros.

ficava lembrando delas várias vezes por dia,
eram seus pequenos prazeres.

as pessoas são sempre o que de melhor existe.

quando viu aquela roda, tão grande, abriu os braços e se deixou levar.

ficou parada bem lá no meio, recebendo cargas de amor enquanto girava.

um tempo novo, eu cantava.

hoje, abraçou bem forte uma árvore 
e renovou todo o de dentro.

estampou sorrisos no rosto 
e saiu pulando por ai. 

e ama.

depois que aprendeu a escutar os caminhos, levava a vida devagar

e possibilidades na sacola.

e sim outra coisa.

separou a dedo cada um deles: é que aprendeu que só precisa escutar os caminhos.

o que de melhor existe.

depois que descobriu que as palavras enviadas pelo vento têm muita força, guardava todas.

 

 caixinha de música: Lily Allen - 22

deixar só o verde, o vivo.

quando a curiosidade é espera ansiosa de criança, 

que a pressa seja de somar sorrisos.

há que ser medida pelo encantamento.

eram noites com nuvens curiosas onde o tempo encostava sua pele, acalmavam o mundo de fora e despertavam o de dentro:
chamava de intensas.

lê a energia das vontades.

depois de muito treino, aprendeu a dançar por dentro. 

e via música pra todos os lados.

anoitecer dançando.

e quando os pés têm fome de liberdade, deixa voar.

não importa para onde a gente aponte.

enquanto a chuva desaba, lava alegrias: tem um varal especial para pequenos detalhes.

uma alegria de se entornar.

foi mesmo por um comichão de urgência, um desasossego de seguir a sequência passo a passo,

uma ânsia de se mover por dentro.

É que gostava daquelas ventanias poderosas, que desorganizam e reorganizam a gente por dentro.

matéria-mágica que se me dá.

tenho mesmo que ir, seu moço. é que o tempo, que a gente não vê passar, passa assim mesmo e não manda lembranças.

sigo atenta com ele, tenho pressa de vida.

apenas pelo prazer de mergulhar.

viu caminhos nas vírgulas e decidiu trocar pontos finais por reticências: tinha os braços por demais pequenos para o tanto de mundo que desejava abraçar. Continuava esticando...

a vida grita.

vezenquando criava cantos: sentava no banco só pra ver a roda girar, achava bonito ver as coisas de outros ângulos. esses eram os momentos em que fabricava espaços de

res

pi

ro
.

começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam.

acordou com cazuza soprando ao pé do ouvido: "quem tem um sonho não dança..."

decidiu fazer um quintal para plantar seus sonhos.

dar voltas.

... e brindou: a dias mais leves.